01 outubro 2008

«Sutil revolução» de Bento XVI na relação com judeus

Um sacerdote israelense comenta um dos discursos do Papa em Paris

JERUSALÉM, quarta-feira, 1º de outubro de 2008 (ZENIT.org).- Para o Pe. David Mark Neuhaus, Bento XVI introduziu uma «sutil revolução» nas relações com os judeus durante sua recente viagem a Paris, simplesmente citando o Talmud. O jesuíta israelense, secretário-geral de vicariato católico de língua hebraica em Israel (conhecido também como «Associação de Santiago»), explica essa «revolução» em um artigo publicado no site do vicariato.

«Estamos acostumados com o tom amistoso dos discursos e saudações às diferentes comunidades judaicas quando o Papa, depois do Concílio Vaticano II, viaja pelo mundo – diz o sacerdote, que também exerce seu ministério sacerdotal como encarregado da comunidade católica hebraico-falante em Haifa. Deveria talvez assinalar-se, no entanto, que no recente encontro com os representantes da comunidade judaica na França, o Santo Padre realizou outra sutil revolução.»

Ao comentar a importância do sabat, o Papa disse: «Acaso não diz o Talmud Yoma (85b): «O sábado foi dado para vós, não vós para o sábado?».

O Padre Neuhaus constata que a Igreja na França tem uma história de censura do Talmud, o corpo de legislação civil e cerimonial judaico. «Em 1229, o Papa Gregório IX enviou uma carta aos monarcas da Europa, ordenando-lhes confiscar os volumes do Talmud das comunidades judaicas que viviam em suas terras – escreve o jesuíta. Houve acusações de que o Talmud continha blasfêmias contra a fé cristã e era um obstáculo para a conversão dos judeus ao cristianismo».

«Os monarcas europeus empreenderam poucas ações fora da França, ainda que em muitos lugares se impusesse a censura do Talmud». «Na França, como resultado da carta do Papa condenando o Talmud, estabeleceu-se a primeira disputa pública entre judeus e cristãos, de 25 a 27 de junho de 1240, em Paris. Dois anos depois, em junho de 1242, 24 carregamentos de livros, inclusive muitos valiosos volumes manuscritos do Talmud, foram queimados».

«O rei francês, Luis IX, ordenou ulteriores confiscos em 1247 e 1248, e os seguintes monarcas da França mantiveram este princípio. Uma posterior queima de livros aconteceu em Toulouse em 1319».

O jesuíta se pergunta: «Não é uma sutil revolução que o Santo Padre não apenas cumprimente com fervor a comunidade judaica de Paris, mas que também cite o próprio Talmud babilônico? Não é significativo também que cite o ensinamento talmúdico que ressoa profundamente no magistério de Jesus de Nazaré?».

Fonte Zenit

O Discurso

Discurso de Bento XVI a representantes da comunidade judaica

«Ser anti-semita significava também ser anticristão»

PARIS, sexta-feira, 12 de setembro de 2008 (ZENIT.org).- Publicamos o discurso que Bento XVI pronunciou na tarde desta sexta-feira durante um breve encontro com representantes da comunidade judaica na nunciatura apostólica de Paris.
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Queridos amigos, esta tarde vos recebo com prazer. É uma feliz circunstância que nosso encontro tenha sido marcado na vigília da celebração semanal do shabbat, o dia que desde tempos imemoriais ocupa um lugar tão relevante na vida religiosa e cultural do povo de Israel. Todo judeu piedoso santifica o shabbat lendo as Escrituras e recitando os salmos. Queridos amigos, vós sabeis, também a oração de Jesus se nutria dos salmos. Ele ia regularmente ao templo e à sinagoga. Ouvia lá a palavra no dia do sábado. Ele quis sublinhar com que bondade Deus cuida do homem, também inclusive na organização do tempo. O Talmud Yoma (85b) não diz por acaso «O sábado foi dado a vós, mas vós não fostes dados ao sábado»?. Cristo pediu ao povo da Aliança que reconhecesse sempre a inaudita grandeza e o amor do Criador de todos os homens. Queridos amigos, por ocasião do que nos une e por motivo do que nos separa, temos de viver e fortalecer nossa fraternidade. E sabemos que os laços da fraternidade constituem um convite contínuo a conhecer-se melhor e respeitar-se.

Por sua própria natureza, a Igreja Católica se sente chamada a respeitar a Aliança estabelecida pelo Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó. Ela se situa também, de fato, na Aliança eterna do Onipotente, que não se arrepende de seus desígnios e respeita os filhos da Promessa, os filhos da Aliança, como seus irmãos amados na fé. Ela repete com força, através de minha voz, as palavras do grande Papa Pio XI, meu venerado predecessor: «Espiritualmente, nós somos semitas» (Alocução a peregrinos belgas, 6/09/1938). A Igreja, por isso, opõe-se a toda forma de anti-semitismo, do qual não há nenhuma justificação teológica aceitável. O teólogo Henri de Lubac, em uma hora «de trevas», como dizia Pio XII (Summi Pontificatus, 20.10.1939), compreendeu que ser anti-semita significava também ser anticristão. Mais uma vez, sinto o dever de prestar uma comovida homenagem àqueles que morreram injustamente e àqueles que se ocuparam de que os nomes das vítimas ficassem presentes na lembrança. Deus não esquece!

Não posso deixar de reconhecer, em uma ocasião como esta, o papel eminente que tiveram os hebreus da França para a edificação da nação inteira e sua prestigiosa contribuição a seu patrimônio espiritual. Eles deram – e continuam dando – grandes figuras ao mundo da política, da cultura e da arte. Faço votos respeitosos e cheios de afeto para cada um deles e invoco com fervor sobre todas vossas famílias e todas vossas comunidades uma particular bênção do Senhor dos tempos e da história. Shabbat shalom!

Fonte Zenit

Nota: Na verdade BXVI está utilzando de todos os modos para realizar o que jamais algum Papa realizou, consolidar o ecumenismo. Ele é sutil realmente, utilizou justamente o sabat (Sábado) em seu discurso para conquistar os judeus.

Sobre os Semitas ao qual BXVI citou em seu discurso.

Os Semitas são descendentes direto de Sem (Filho de Noé). Da descendência de Sem veio Abraão, dele saiu toda a nação de Israel. Existe uma coisa interessante na Genealogia de Noé. Noé é filho de Lameque, Lameque é Filho de Matusalém, Matusalém é Filho de Enoque (aquele que foi arrebatado por Deus e levado para o céu, por que andou com Deus), Enoque é descendente direto de Sete, filho de Adão, o qual substituiu o irmão Abel, morto por Caim. Podemos perceber que Deus escolheu esta linhagem por causa do caráter que possuíam, esta linhagem havia realmente aceitado as determinações de Deus para sua vida, pois foi desta linhagem que saiu os grandes homens da Bíblia.

Deus escolheu a descendência de Sem para dela fazer uma grande nação, mas utilizou Noé para fazer uma profecia quanto às outras duas decendências. Vejamos: "Alargue Deus a Jafé e habite Jafé nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo". Gênesis 9:27. Veja que Noé disse que Jafé habitaria nas tendas de Sem, isso significa que a descendência de Jafé iria ter um lugar junto aos decendentes de Sem no final da história. As promessas realizadas a Abraão atingira os decendentes de Jafé mediante a aceitação de Cristo em sua vida. Não seria estes descendentes de Jafé aqueles Gentios que aceitam a Jesus Cristo em sua vida e um dia estarão no Novo Céu e Nova Terra que está sendo preparado? Não sei, mas que é interessante é.