27 maio 2008

Inseparavelmente Uma só Coisa

DEUS NÃO CONSEGUE REALIZAR O
QUE ELE MESMO PROMETEU?


É tão elevado o chamado para que você e eu sigamos o exemplo de Cristo e andemos em Seus passos, que temos toda razão de querer saber como pode-se esperar que homens e mulheres pecadores andem como o Filho de Deus.

A resposta que a maioria das pessoas dá é prática: Na realidade não se pode esperar. A Palavra de Deus nos apresenta um ideal, belo em seu conceito. Mas é realmente atingível?

A resposta deve ser encontrada nas Escrituras. É uma regra áurea pela qual devemos medir toda verdade: “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixandovos exemplo para seguirdes os Seus passos... carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça.” I Pedro 2:21 e 24. Aqui o apóstolo Pedro nos indica o maravilhoso relacionamento para o qual somos chamados – em Cristo.

AS TRÊS PARTES DE UM MILAGRE

E que relacionamento é este? Ele consiste em três partes. Neste texto Pedro fala de Cristo como nosso Penhor, nosso Exemplo e nossa Cabeça. Vamos considerar esses aspectos inseparáveis de Cristo e o lugar deles em nossa experiência cristã. Cristo é nosso Penhor. “Cristo sofreu em vosso lugar... carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados.” I Pedro 2:21 e 24.

Como Penhor, Cristo sofreu e morreu em nosso lugar. Ele Se incumbiu de fazer expiação pelos seus e pelos meus pecados, e assim preparou o caminho para nos livrar da punição que merecíamos. O inocente assumiu o castigo do culpado. “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou o Seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.” João 3:16 e 17.

Aquele que não crê (em todos os três aspectos) já está condenado, porque não creu no nome de Jesus, cujo significado é que “Ele salvará o Seu povo dos pecados deles”. Mateus 1:21.

Uma escritora inspirada assim o coloca: “Cristo Se deu a Si mesmo, como sacrifício expiatório, para a salvação de um mundo perdido. Ele foi tratado como nós merecemos, a fim de podermos ser tratados como Ele merece. Foi condenado pelos nossos pecados, em que não tinha participação, para que pudéssemos ser justificados por Sua justiça, em que não tínhamos parte. Sofreu a morte que nos cabia, a fim de podermos receber a vida que Lhe pertencia.”– testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 235, e Marcos 10:45.

Como Penhor vimos que Cristo sofreu e morreu em nosso lugar. Ele carregou sobre Si nossos pecados, e ao mesmo tempo derrotou sua maldição e poder. Como Penhor, Ele fez o que não podíamos fazer. Que precisamos fazer agora? Louvar ao Senhor, pois Ele é nosso Penhor! Cristo é nosso Exemplo. No sentido de que Ele é nosso Penhor, Sua obra é singular e não pode ser imitada por nós. Em outro sentido temos que segui-Lo; precisamos fazer como Ele fez, viver e sofrer como Ele.

“Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para seguirdes os Seus passos...” I Pedro 2:21. Cristo sofrendo como meu Penhor, é um chamado para dedicar minha vida, uma vida de sacrifício próprio, uma vida de sujeição da minha vontade como Ele sujeitou a vontade dEle à do Pai. Veja Lucas 22:42. Esta é a vida de submissão para a qual sou chamado, à semelhança dEle como meu Exemplo.

Mas isso é justo? Cristo em Sua vida de serviço, como Penhor e Exemplo tinha o poder da natureza divina combinada com a natureza humana. Como posso eu esperar, na fraqueza da carne, viver e sofrer como Ele? Não haverá um abismo e brecha entre aceitar Cristo não só como meu Penhor, mas também como meu Exemplo, no qual o apóstolo Pedro une tão bem as duas coisas? Não.

O PODEROSO ELO

Há um bendito terceiro aspecto da obra de Cristo que se estende como uma ponte sobre
o abismo e brecha para você e para mim. Esse é o elo de ligação entre Cristo como meu Penhor e Cristo como meu Exemplo, o qual faz com que seja possível para nós, diariamente, em pensamentos, palavras e atos tomar o Penhor como nosso Exemplo para que possamos viver como Ele. Neste terceiro aspecto, de Cristo como nossa Cabeça, se encontra parte da resposta para todos os nossos insucessos em andar como Ele andou, permanecer no Pai como Ele permaneceu e viver como Ele viveu.

Cristo deve ser a nossa Cabeça. “Quero... que saibais que Cristo é a Cabeça de todo varão.” I Coríntios 11:3, ARC. Neste aspecto, Seu Penhor e Seu Exemplo têm sua origem e unidade. Se pudermos ver, compreender e permitir que esse terceiro aspecto de Cristo seja incorporado em nossa vida diária, então construiremos uma ponte sobre aquele abismo e brecha, onde tantos professos cristãos têm falhado.

Foi quando o primeiro Adão deixou de permitir que Cristo fosse sua Cabeça, que ele precisou de um Penhor e Exemplo. Por isso, quando permitimos que Cristo seja realmente nossa Cabeça, Ele na verdade Se torna, não apenas nosso Penhor, mas também nosso Exemplo, diariamente.

Cristo é o segundo Adão. Como crente, pela fé, eu me torno espiritualmente um com Ele. Nessa união, Ele vive em mim (veja Gálatas 2:20) e me concede, como concedeu aos apóstolos no Pentecostes – quando finalmente permitiram que Ele fosse a Cabeça deles – o poder para terminar Sua obra, aquele poder da Sua ressurreição.

É nestes termos que somos ensinados em Romanos 6 e outros textos, que o cristão em verdade está morto para o pecado e vivo para Deus. A própria vida que Cristo vive, atua no crente. Assim estamos mortos para o velho homem e vivos novamente com Cristo.

Este é o pensamento que Pedro destaca ao dizer: “Carregando Ele mesmo em Seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados (não só para que nós, através de Sua morte, pudéssemos receber o perdão, mas) para que nós, mortos aos pecados, vivamos para a justiça.” I Pedro 2:24.

Assim como temos parte na morte espiritual do primeiro Adão, tendo, em verdade, nele morrido para Deus, também temos parte no segundo Adão, em verdade, tendo em Cristo morrido para o pecado. Veja Romanos 5:18 e 19.

Em Cristo somos feitos vivos novamente para Deus. Cristo então Se torna não apenas nosso Penhor, o qual viveu e morreu por nós, nosso Exemplo, mostrando-nos como viver, mas também nossa Cabeça, com quem somos um, na morte de quem morremos e na vida de quem agora vivemos. Este fato, estimado crente, nos dá o poder para seguir nosso Penhor como nosso Exemplo. Cristo sendo nossa Cabeça é o elo que faz com que crer no Penhor e seguir o Exemplo, sejam “inseparavelmente uma só coisa”.

PEDAÇOS DE CRISTO?

Estimado crente, faça a si mesmo estas perguntas: Pode Cristo estar dividido? Leia I Coríntios 1:13. Posso aceitar Cristo como meu Penhor, mas não como meu Exemplo? Posso aceitar Cristo como meu Exemplo, mas não como minha Cabeça?

Querido amigo, estas três verdades são uma só. As três verdades acerca de Cristo como Penhor, Exemplo e Cabeça não podem ser separadas umas das outras. No entanto, isso acontece com muita freqüência.

Encontramos pessoas que desejam seguir o Exemplo de Cristo sem ter fé na Expiação feita por Ele. Procuram encontrar dentro de si mesmas o poder para viver como Ele viveu; seus esforços são vãos.

Existem outras pessoas que crêem firmemente no Penhor, mas negligenciam ou deixam de lado o Exemplo. Acreditam na redenção através do sangue de Cristo derramado na cruz,
mas negligenciam os passos dAquele que suportou a cruz. Fé na expiação é em verdade o fundamento da edificação, mas não é tudo!

Essas pessoas também têm um cristianismo deficiente, sem a verdadeira visão da santificação, pois não podem ver como, juntamente com a fé na expiação feita por Cristo, seja necessariamente indispensável seguir Seu Exemplo.

Há outros ainda que aceitaram essas duas verdades – Cristo como Penhor e Cristo como
Exemplo – no entanto lhes falta alguma coisa. Sentem-se compelidos a seguir a Cristo como Exemplo, mas falta-lhes o poder. Não possuem compreensão total e adequada sobre como isso pode ocorrer em sua vida, como podem tomar posse desse poder. O que precisam é claro discernimento acerca do que as Escrituras ensinam sobre Cristo como Cabeça, pois o Penhor não é alguém fora de mim, mas Alguém em quem estou e que está em mim. Analise Gálatas 2:20. A própria vida de Cristo vive em mim.

Cristo disse: “Eu vim para que tenham vida.” João 10:10. Ele próprio vive em mim, pois me comprou com Seu sangue. Leia Marcos 10:45. Isso ocorre através da minha cooperação com Ele como minha Cabeça – dizendo Sim para Deus e Não para mim mesmo. Isso é o que o famoso escritor de letras para cânticos, Frances Havergal, procurou ilustrar em 1864 na letra do hino americano “Live Out Thy Life Within Me – In All Things Have Thy Way” (Vive Tua Vida em Mim – Em Todas as Coisas Seja Feita a Tua Vontade).

Seguir os Seus passos é um dever. Que este pensamento seja para sempre gravado em nossa mente. A Bíblia é muito clara nisto. “Porquanto para isto mesmo fostes chamados, pois...Cristo sofreu... deixando-vos exemplo para seguirdes os Seus passos, o qual não cometeu pecado, nem dolo (engano) algum se achou em Sua boca.” I Pedro 2:21 e 22. Deus não teria dado essa ordem, se isso não fosse possível.

Seguir Seus passos é o abençoado resultado de permitir que Ele seja nossa Cabeça em todas as coisas. Unicamente quando isso for corretamente entendido é que a bendita verdade do Exemplo de Cristo tomará seu devido lugar. O próprio Jesus promete realizar isso em nós. Atente para Suas palavras em Ezequiel 36:23, BLH: “Usarei vocês para mostrarem às nações que Eu sou santo.” Isso, então, confirma que é possível.

“Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Há alguma coisa difícil demais para Mim?” Jeremias 32:27, NVI. Leia também Isaías 40:31; 41:10, 13 e 14; Ezequiel 36:23-28.

Se o próprio Jesus, com a nossa cooperação, promete desenvolver-nos à Sua semelhança,
então meu dever nesse esforço conjunto precisa ser muito evidente!

DUAS PARTES DE UMA MESMA OBRA

Nossa obra consiste de duas partes. Por um lado, eu preciso fixar meu olhar (fitar com olhos amorosos) para o Seu Exemplo, a fim de conhecê-Lo e segui-lo. “Olhem, aí está o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” João 1:29, BLH.

Prezado amigo, é contemplando que nosso caráter será transformado. Por isso, vamos sempre, incessantemente, olhar para o Cordeiro de Deus, olhar para Cristo, olhar para o Calvário, contemplar o caráter de Cristo e meditar sobre nossa vida. Amigos, “contemplando o Senhor” somos transformados. Veja II Coríntios 3:18.

Embora nossa salvação dependa totalmente de Jesus, temos algo a fazer a fim de sermos salvos. O apóstolo Paulo diz: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor.” Filipenses 2:12. Nossa segunda área de responsabilidade é a de nossa cooperação. É aí que o conflito se torna mais rigoroso, mais difícil e mais violento. Requer sujeição de nossa vontade. Atente para estas
palavras inspiradas: “A vida do apóstolo Paulo foi um constante conflito com o próprio eu. Ele disse: ‘Cada dia morro’. I Coríntios 15:37. Sua vontade e seus desejos lutavam cada dia com o dever e a vontade de Deus. Em vez de seguir à inclinação, ele fazia a vontade de Deus, embora crucificando a própria natureza.” – A Ciência do Bom Viver, pág. 452 e 453.

“A luta contra o próprio eu é a maior batalha que já foi travada. A renúncia de nosso eu, sujeitando tudo à vontade de Deus, requer luta. Mas o coração tem de submeterse a Deus antes que possa ser renovado em santidade.” – Caminho a Cristo, pág. 43. Então, o homem precisa contemplar e sujeitarse. Deus nos dá o poder, mas nós devemos escolher.

Estimados amigos, tão certamente como Cristo derrotou o pecado e sua maldição para mim, com a minha cooperação Cristo derrotará o pecado e seu poder em mim. Aquilo que Cristo começou a fazer através de Sua morte por mim, Ele pode fazer e fará, com minha perfeita cooperação, através de Sua vida em mim. E porque Cristo é meu Penhor, bem como minha Cabeça, é que Seu Exemplo deve ser e será a regra de minha vida.

Pois Jesus disse: “Não te admires de Eu te dizer: Importa-vos nascer de novo.”João 3:7, ARA. E Nicodemos respondeu: “Como pode suceder isto?” João 3:9. Sabe, se o Senhor, que vive em mim,me dá o que Ele de mim requer, então nenhuma exigência pode ser difícil demais. “A bênção vem quando, pela fé, a alma se entrega a Deus. Então, aquele poder que olho algum pode discernir, cria um novo ser à imagem de Deus.” – O Desejado de Todas as Nações, pág. 173.

Descobri que é impossível para nossa mente finita compreender a obra de redenção. Seu mistério excede o entendimento humano; contudo, quando você passa da morte para a vida, compreende que é uma realidade divina. Estimados amigos, Jesus é meu Penhor, meu Exemplo e minha Cabeça porque Ele é minha vida. Vida plena de poder.

Jim Hohnberger